domingo, 2 de agosto de 2009

A Jornada – Semana 04

O PODER DE ALGUÉM.


EXISTEM DOIS TIPOS DE PESSOAS NESTE MUNDO. OS NOVENTA E NOVE E OS PRIMEIROS.

“Os noventa e nove… É assim que eu os chamo. Noventa e nove de cem de pessoas não podem compreender o que eu faço. Eles não podem acreditar na minha dedicação a este grande esporte. Muitos nem sequer pensam que este é um esporte ou que tenho uma vida. Nunca deixe que os outros definam a sua vida para você. É isso que eu escolhi. Este é o caminho que eu tomei, com todos os buracos, solavancos e voltas. Os noventa e nove, eles não podem fazer o seu melhor, para subir um dia e estar entre os gigantes.”

HÁ AQUELES QUE CONFIAM NA SORTE, E AQUELES QUE NÃO SABEM O SIGNIFICADO DA PALAVRA.

“Eu não ganhei na loteria. Eu não tenho o bilhete premiado. Tudo o que tenho eu me quebrei para conseguir. A única coisa que foi entregue a mim foi a genética que meu pai passou. A partir dele, eu aprendi o valor de um trabalho ético e de um trabalho sujo. Aqueles que sempre querem ter mais, estão comigo. Somos poucos e temos de estar sobre o topo da montanha para sermos ouvidos. Quando o dia chegar, seremos ouvidos. É um convite a todos aqueles que sempre sonharam com algo maior.”

HÁ QUEM DERRUBE OS OUTROS PARA SER ALGUÉM E QUEM APENAS FAZ POR SI MESMO.
“Para aquele que se nega, eu digo suas palavras vão cair sobre ouvidos surdos. Para aquele que duvida, tome suas dúvidas em outro lugar. Para os invejosos, não deseje o que vamos alcançar. Eu vou superar a mediocridade ferozmente, vou destruir a conformidade, por isso quando for cobrar, não deixarei um legado de arrependimento. Em cada um de nós cabe o poder de começar algo… Então, para aqueles de vocês lá fora, que podem ouvir, deixe-me dizer novamente, quem é você? Você vai permanecer comigo?”

ESQUECER


“Merda. Merda. Merda. É assim que eu me sinto nos últimos dias. Não sei porque. Meus treinos são chatos. Nenhuma energia. Meu apetite está arruinado. Nem quero passar um bom tempo com a minha namorada. Seu aniversário está perto e eu não posso estar preparado até lá. Suponho que não posso reclamar. A maioria dos dias são uma merda. Em um dia bom, me sinto inspirado. É como se você estivesse em uma missão distante, mas você se sente como 100 dólares. Quando você rola para fora da cama e olha para fora, onde havia nuvens escuras de tempestade de dúvida e cansaço, você não ve nada, mas o céu azul e o sol sorrindo para você. Tudo cai a sua maneira. Encontrar vinte na calçada. Dirigir pela rua e ver que todas as luzes estão verdes. Bater novos recordes em cada levantamento. Sim, isso que é vida boa. Uma grande parte de mim deseja todos os dias ser assim…

O resto de mim sabe que não pode ser. Veja, eu não quero uma vida boa… Não agora. Eu tenho muito trabalho a fazer. A vida boa pode foder com você. A vida boa deixa você manso. A vida boa enche os ouvidos com uma doce música que faz você esquecer… Esquecer a sua missão, quem você é, o que interessa. Merda, depois de um tempo, tudo o que você quer é ouvir essa maldita música. E essa música afoga tudo, incluindo a voz em sua cabeça. A maioria das pessoas vão através da sua vida, adormecendo, preferindo ouvir a música, para eles mesmos falarem, para tudo, mas essa voz… Eles perdem o seu caminho. Tenho sorte – a maioria dos dias, aquela voz dentro da minha cabeça está gemendo como uma maldita sirene. É tão forte que me mantém até a noite, me mantém honesto. Ela não me deixa esquecer. Mas quando eu passo muitos dias bons, um após o outro, eu tampo meus ouvidos e arregaço minhas mangas. Eu levanto o martelo e começo a martelar. Afinal, sem aquela voz, eu não seria quem eu sou… Quem eu posso ser.

Isso é importante… Não se esqueça. Não se afogue na música. Ouça a sua voz… Ela diz alguma coisa.

LEMBRAR


Esqueça a vida boa. Não é tão difícil como parece, especialmente quando você só obtém um sabor de vez em quando. Agora, se fosse um maldito filé mignon todas as semanas, em seguida seria difícil desistir. Dias de vinho e rosas? Foda-se, para mim isso é como merda e mijo. Então o que porra? Estou habituado. Relembrando, agora é outra história. Para o fisiculturista que vive neste planeta, nos faz lembrar quem somos. Como fisiculturista, tenho que lembrar… Lembrar de onde vim, quem eu sou, o que realmente importa. Não posso esquecer nunca o que está atrás de mim ou… Todos aqueles que vieram antes de mim e escreveram seu nome… Todos os dias de sangue e tripas que eu derramei por este esporte. Todas as coisas que me definem… Olha, eu acredito que sem memória não há desejo. Sabendo o que eu tinha, sabendo que não é o bastante, que eu quero mais – que é o coração do meu esforço. Sem memória, não pode também haver história. Sei das minhas raízes, de onde eu venho. Eu sei onde estou nesta jornada. História… Sim, estou planejando fazer história também.

MEU VELHO


O meu velho, ele foi um mineiro na sua juventude. Ele trabalhava com suas mãos. Quando criança, lembro dele voltar para casa, ficar em pé na entrada da porta, a poeira das minas cobrindo cada centímetro dele, da cabeça aos pés. Sempre que eu fiz algo certo, algo que ele aprovava, ele colocava a mão no meu ombro. Eu me lembro como ele tinha as mãos pesadas e ásperas – as mãos cheias de calos e bolhas e ele tinha que trabalhar com isso, todos os dias, só para colocar comida na mesa. Ele era um grande, poderoso homem – maior do que a vida. Ele era também um homem de família e um pilar da comunidade. Quando ele não estava passando um tempo com a gente, ele ia ajudar a construir campos de beisebol para as crianças ou era voluntário para qualquer outra coisa.

Então, por que estou pensando em tudo isso? Ontem, eu tive que treinar em um lixo de academia, um porão cheio de equipamentos velhos enferrujados. Não tinha tudo que eu precisava, mas eu fiz o meu treino. Cara, o cheiro da terra e do concreto, da poeira e do mofo, me levou para trás mais de uma década, quando eu tive a minha primeira experiência com ferro… Um sabor que não fui capaz de deixar sair da minha boca desde então. Foi quando eu encontrei um peso enterrado em um canto do porão, embaixo de umas caixas. Era como se os pesos me chamassem, de alguma maneira eu sabia que estava destinado para eles.

Lembro dele descer as escadas, noite após incontáveis noites, no escuro para chegar ao trabalho, e eu pensei que ele usava um elevador para descer no profundo trabalho sob toneladas de terra. Durante o dia, ele trabalhava com ferro. A noite, ele trabalhava com um outro tipo de minério de ferro, o mesmo tipo que eu segurei em minhas mãos como um jovem garoto de catorze anos. O meu velho, ele trabalhou como um touro para colocar comida na mesa, tanto que ele fez com orgulho. Veja, meu pai sabia quem ele era, sabia o seu lugar no mundo. Ele foi enterrado, teve seus pés firmemente plantados na terra. Ela lhe deu força.

Eu? Agora mesmo eu não sei quem eu sou. Eu olho no espelho e vejo um estranho olhando por trás de mim com os olhos furados. Eu não sou um… Eu sou nada… Estou sem direção… Procurando pelo caminho de casa. Viver em uma sociedade que não pode compreender o que eu faço, o que eu quero passar, pode me fazer duvidar de mim mesmo. Sou o herói ou o monstro? Mas hoje, como estou explodindo através deste treino, posso sentir a sua mão no meu ombro e, sim, a claridade volta. Lembro de como comecei neste jogo. Depois que eu terminar, quando eu sair fora, não há mina, não há campo de beisebol, não há um porão do meu passado – só a decadente cidade em torno de mim que eu chamo de casa e a memória do ferro. Eu não vou esquecer…

Ei velho, como eu seguro o ferro em minhas mãos, como eu saio atrás da sua sombra, quero dizer que eu não estaria aqui se não fosse por você. Também quero dizer quem eu sou. Eu sou um homem… Eu sou um fisiculturista… Eu sou seu filho.

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