segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Jornada – Semana 17


“LIGANDO OS PONTOS…”
A Jornada
A ORDEM SURGE DO CAOS…
“O pó esta em cada canto do meu quarto. Minha garota esta tão farta disso tudo, ela varrerá tudo. Eu não ligo de um jeito ou de outro – neste momento, o pó é minha menor preocupação. Como o pó, há um monte de trocados num jarro que tenho ao lado de minha porta. Quando tiver o bastante, vou usá-los para comprar o que precisar, mais comida por exemplo. É, é assim mesmo… Da desordem surge a ordem. Da ordem surge uma imagem clara. Me lembro de um jogo da minha infância, ligue os pontos. Você começa com nada, apenas um monte de pontos num papel, e quando você começa a ligá-los, surge algo. Quando você chega ao fim, você é recompensado com uma resposta, uma figura completa. Nos últimos quatro meses, eu venho habitando as sombras, no anonimato… E venho pacientemente conectando cada ponto, esperando para ver o que vai emergir.”
“CARNE.”
A Jornada
O mundo está contra nós irmãos. De várias formas… Os olhares, os comentários, o desgosto… A dificuldade em achar roupas que sirvam… As escolhas que temos de fazer quando comemos. O mundo conspira contra nós irmãos. Em meios óbvios e subliminares… Eles querem nos embalar, nos conduzir como gados… Pegar carne. É, bife. Carne vermelha é o centro de nossas dietas. Meu veneno sem dúvidas é um barato, grande, e suculento corte de carne. Inteiro ou moído, entre 450 e 570 gramas por refeição. Este é o meu ideal. Barato é a palavra chave aqui. Quando estou no açougueiro, estou sempre de olho nos melhores pedaços, nos cortes “de primeira”. Merda, o que eu não daria por um pedaço daqueles agora com batatas assadas, creme de leite e manteiga. Aqui está a maldita ironia… O que aumenta o preço do bife não é o quanto magro ou saudável ele é, mas a quantidade de gordura, quanto de mármore tem o bife. O que é valorizado na loja do meu açougueiro, o que custa mais, é o excesso, a gordura. A sociedade é como o açougueiro. Vivemos neste gigante mundo de excessos. Vivemos em uma sociedade onde todos os nossos desejos podem ser realizados com um pedaço de plástico – um cartão de crédito que permite vivermos hoje colocando nossas responsabilidades para outro dia, para que possamos viver fora da gordura da terra. Isto, irmãos, é o excesso. Neste jogo, nesta vida, eu tenho um aviso… Corte os excessos de gordura. Corte o excesso de seu bife e de sua vida. Jogue limpo, jogue magro. Diga ao mundo que você não precisa da gordura e mande essa merda de volta.
“PELE.”
A Jornada
O excesso… O desnecessário… O ignorado… Como a pele em um frango, isso você descarta, o que resta ao final do dia no meu açougue. Como esta pele, sua pele, minha pele… Essa merda vai sempre pro mesmo caminho. É um teimoso e frágil muro que nos separa uns dos outros. Todos os dias as pessoas me olham, olham minha pele e me julgam. Quem sou eu? Um fisiculturista. O que está sob minha pele? Fatias de bife que levei anos para construir, esculpir e refinar. É isso que eu sou? Tudo que eu sou? Cave mais fundo. Talvez você ache um coração bombeando como um pistão. No lugar de vísceras, talvez você encontre engrenagens, molas, e bobinas. Isto sou eu? Diga-me, pois se você não souber, não sou eu quem vai dizer. Retire a pele e você chega à carne de verdade, o homem como ele é – do que o homem é feito. Cada gota de sangue… Cada fibra de seu ser. Cada maldito sacrifício que ele tenha feito. Então na próxima vez que me ver, veja além. Há mais do que você consegue ver… Sou mais do que este rosto, este corpo. Sou mais do que os anos que deixei para trás, mais do que a soma de dezessete semanas agonizantes, semanas de merda. Sou mais do que hoje e continuo buscando o amanhã. Dane-se, minha pele pode não revelar quem eu sou, mas quando se retira as camadas, talvez isto lhe dê um panorama melhor do que eu sou feito e do que fiz para chegar aqui…
“OSSOS.”
A Jornada
Carne. Merda, carne é sobre o aqui e o agora. O músculo que pesa desses ossos. Se a carne é o presente, então os ossos são o futuro – o impenetrável, maldito e inevitável futuro. Então a pergunta que me faço é essa, irmãos… O que vai acontecer ao final dessas dezoito semanas, quando outra semana chegar e passar? Quando eu for velho e tiver que me apoiar em um “galho”? Terei eu deixado uma marca? Quando meu tempo neste mundo passar, como serei lembrado? Talvez seja apenas uma menção nos jornais. Não… Talvez uma linha ao lado das competições que ganhei e que perdi. Melhor não… Droga irmãos, deixe-me lhes dizer que minha vida será mais do que um monte de palavras. Minhas conquistas serão mais do que troféus. Não deitarei em paz comigo. Meu legado será mais do que carne, mais do que pele, mais do que os malditos ossos. Um dia, tudo isso terá seu fim. Agora semana que vem, estarei de cabeça erguida para a competição. Porém ao longo das dezessete passadas, terei cuspido dentes e sangue, quebrado ossos, e derramado tripas. Terei sido febril. Terei sido marcado. Sim esta vida tentará me esmagar, mas eu devolverei na mesma moeda… Acertarei tão forte que quando meu dia chegar terei um lugar na memória de meus inimigos e de meus amigos. Baterei meus ossos e farei um barulho tão ensurdecedor que as próximas gerações escutarão minha ira e lembrarão meu nome… Eles escutarão meu eco muito depois da poeira ter se apoçado de meus ossos… Estes ossos que terão se tornado poeira.
Artigo traduzido por: Igor Salvador
Revisão, adaptações e montagem por: KATIERO

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